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Sobre trens, ônibus, bicicletas e pessoas

15/02/2015

LUIZ AUGUSTO ALMEIDA
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Dentre os problemas que afligem os habitantes das metrópoles, a mobilidade precária é um dos fatores que mais conspiram contra o bem-estar da população. Distâncias grandes entre os lares e os locais de trabalho e estudo, vias inadequadas, transporte público insuficiente e, muitas vezes, de má qualidade e imensos congestionamentos consomem tempo e saúde que seriam preciosos para a produção, leitura, cultura, lazer e o descanso.

 

São Paulo é um exemplo claro do caos dos transportes urbanos nas grandes cidades brasileiras, resultante de décadas de improviso e falta de planejamento. O problema começa com a inversão dos modais, pois a maioria das viagens deveria ser feita sobre trilhos, em trens e metrôs, que são mais seguros, mais rápidos, mais confortáveis, mais econômicos quanto ao consumo de energia e não poluentes. Segundo dados oficiais da São Paulo Transporte (SPTrans), responsável pela gestão do sistema de ônibus na capital paulista, são cerca de 6 milhões os passageiros transportados por dia. No Metrô, conforme números deste, são 4,7 milhões.

 

É muito ônibus (15 mil veículos) e pouco metrô, para uma cidade com aproximadamente 11 milhões de habitantes ( Paris tem uma estação de metrô para cada 7 mil habitantes. São Paulo, uma para cada 168 mil). Por isso, a maioria das pessoas que usam os transportes públicos em geral passa mais de uma hora para conseguir deslocar-se de um lugar ao outro, todos os dias. O mais grave é o dado apontado por pesquisa realizada pela própria Companhia do Metropolitano: os que perdem mais tempo são exatamente aqueles que moram mais longe e, portanto, os que mais precisam de um sistema eficaz.

 

Mas, não é só isso. O sistema de ônibus, é hoje, de longe, a pior opção para quem se serve do transporte coletivo. Demora, superlotação, empurra-empurra, desconforto, insegurança, poluição, falta de higiene são queixas constantes dos seus usuários. Acresça-se a isso, a pouca eficiência no uso do sistema viário atual, com um excesso de linhas em avenidas sem infraestrutura para tanto, provocando mais trânsito e exigindo da administração pública, mais investimento em manutenção.
Diante desse quadro, é fácil entender por que, segundo a SPTrans, apenas 55% das viagens motorizadas são feitas em transporte coletivo, com grande uso, portanto, dos automóveis particulares, cujos proprietários fogem dos maus serviços prestados pelo setor público. E, então, como sempre ocorre na História da República, surgem as soluções mágicas, sem planejamento e estudos aprofundados de viabilidade e execução.

 

Agora, a redenção da mobilidade urbana em São Paulo chama-se ciclovia. A Prefeitura anuncia que São Paulo terá mais de 400 km de ciclovias até 2016. Na verdade, mais de 80 % são ciclofaixas, pistas mais simples, curtas, perigosas e menos utilizadas. De fato, o número de paulistanos que pedalam diariamente para se locomover cresceu 50% em 2014, em comparação a 2013, de acordo com pesquisa feita pelo Ibope. O número de ciclistas cresceu de 174,1 mil para 261 mil moradores, pouco mais de 1,5% dos 11 milhões de habitantes da cidade.

 

Em contrapartida, de acordo com números divulgados em 2013 pela Secretaria de Saúde do Estado, a cada dois dias, pelo menos um ciclista internado em um hospital público de São Paulo morre em consequência de acidente de trânsito. Nove usuários de bicicleta são internados diariamente na rede pública paulista. Foram 3.200 internações em 2012. O Sistema Único de Saúde (SUS) gasta 3,3 milhões de reais por ano com o tratamento de ciclistas que sofrem algum acidente de trânsito em São Paulo.

 

Nada contra a utilização das bicicletas como meio regular de transporte, como ocorre em numerosas metrópoles dos países desenvolvidos. Porém, as ciclovias/ciclofaixas não podem ser estreitas faixas improvisadas, espremidas entre as pistas das ruas e avenidas e o meio fio das calçadas. Automóveis, ônibus e caminhões, separados apenas por uma faixa pintada no chão, são ameaças permanentes aos ciclistas, mesmo que estes e os motoristas sejam sempre atentos e cumpram todas as normas do trânsito (o que também não ocorre). A rigor, dos mais de 400 quilômetros de ciclovias na cidade, poucos trechos oferecem segurança e boas condições de mobilidade, além de roubar espaço precioso de circulação urbana, já que seu uso, durante a semana é mínimo (na maioria das ruas de bairro, aguarda-se muitos minutos para se avistar um único ciclista). Desperdiça-se espaço que poderia, pelo menos, ampliar um pouco as calçadas, para melhor uso pelos pedestres. Estas sim, extremamente necessárias, mas esquecidas e abandonadas pela administração pública.

 

É óbvio, portanto, que a mobilidade urbana continua sendo um grande problema paulistano. Para solucioná-lo de verdade, é preciso planejar melhor, aperfeiçoar a logística, as vias e toda a infraestrutura de transportes. Afinal, independentemente dos meios de locomoção, estamos falando de pessoas, cuja qualidade de vida, segurança e bem-estar devem ser a prioridade absoluta das políticas públicas.

 

*Luiz Augusto Pereira de Almeida é diretor da Fiabci/Brasil e diretor de Marketing da Sobloco Construtora.

 




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